"Talvez esteja na hora, de um Novo Manifesto"

A Arte é do povo, e ao povo deve retornar.
E quem vier contradizer esta premissa,
É porque desconhece, profundamente
A história e a origem da Arte.
A arte nasce no povo - como forma de representação da vida.
Mas certos senhores,
Sequestraram o seu propósito.
Tornando-a um ornamento do ego —
símbolo de conquistas, de fé imposta,
de uma distinção de classes, pretensiosa e obsoleta.
A Arte não poderá continuar a ser um comprovativo de estatuto.
A Arte deve comunicar,
E não encerrar-se em discursos obtusos
E aparatos luxuosos.
A Arte pode prestar um serviço,
Mas nunca ser alvo de serventia,
Nem o artista, prestar qualquer ato de vassalagem.
A Arte não deve ser apenas, produto de uma contemplação,
Mas objeto de uma reflexão.
Nem a Arte nem o Artista, devem ser fruto do ego.
Nem a Arte Nem o Artista,
Devem pertencer a qualquer elite.
A Arte deve estar ao serviço do Ensino,
Mas um Artista não deve nunca, formar-se em Arte.
As instituições,
Dotam o Artista de um individualismo crónico,
Semeiam a sentença de viver na espera,
Nessa ânsia de que um dia,
Alguém valide os seus aforismos de génio,
Que conquiste uma bolsa, ou talvez um prémio!
Arrisco-me a dizer,
Que a Arte, corre o risco,
De perder a sua relevância.
Porque lhe é dada demasiada importância…
O seu propósito é extinto.
E o Artista mendiga por um pelinto.
A Arte deveria igualar-se a um bem essencial,
Pois esse é o apanágio da sua essência.
O Artista deve moldar consciências,
Semear um qualquer estado de Alerta,
A Arte é uma denúncia em estado físico
A Arte, é uma Ciência.
Produzir Arte, é dizer o que não pode ser dito
O produto, produzido deve ser proclamado
Sem espetáculo mediático.
É na mediação que tantas vezes,
O artista peca por usar palavras ao acaso…
Que por caras, o tornam eloquente, culto e exclusivo.
A Arte deve ser um lugar de pertença e não de pretensão.
A Arte não deve ser objeto de especulação.
Quando o lucro se sobrepõe à intenção,
Onde se inflaciona, sob o pretexto da exclusividade e da autoria,
O artista penhora, sem retorno,
O fruto da sua alegoria.
A arte é usufruto, um instrumento que se revela incoerente,
Quando em jeito de dádiva, o público é ausente…
A Arte é subterfugio da mente.
Um desabafo da consciência,
Que só se consagra com a audiência.
Ser artista, é viver eternamente,
Na procura constante, pela aclamada validação.
E o artista desiste, pois sobrevive e não existe.
Enquanto a arte for um lobby, ser artista não passará de um hobbie.
É nos trabalhos precários que o artista encontra subsistência.
O artista, é intemporalmente, uma ausência.
Esse trabalho é nobre, mas não há qualquer nobreza
Que no apanágio das suas competências, um artista, sirva à mesa.
Um artista deve ser livre.
Mas a liberdade percorre hoje, caminhos de incerteza.
E um artista que teme ferir suscetibilidades,
Condena a sua aptidão.
Disfarça a sua vulnerabilidade,
Pois, Teme o ódio e a avareza.
A Arte é o espelho da liberdade de expressão.
Mas o artista, é intolerante a quem se oponha à sua visão.
Se a Arte não viraliza,
O artista é diletante.
O algoritmo dissidente,
E Enquanto a Minha Arte não viraliza
Algo na minha moral se amortiza.
E sinto a tentação,
De agir por oposição
À condição necessária,
Para diluir a classe estatutária.
Já ouvi com altivez,
E não foi uma, nem duas, nem três!
Que Tudo, o que me resta são valores…
Além de Amores e outros dissabores.
A Arte é em si, um ato de insistência…
E se esta for a minha última aparição,
Que eu consiga falar com verdade:
Da dor. Do sonho. E da ilusão.
Ser Artista, é entrar numa queda constante
Do propósito à função.
Ninguém vos conta como é vil e atroz,
O caminho incerto e devoluto
Do Artista que em vez de palco, quer ter voz.
Eis a razão do meu Luto.
Nem na Arte, nem na Vida, o artista se pode consagrar.
A Arte deve privilegiar a partilha de conhecimento,
A Arte deve ser plural, coletiva e fruto de uma colaboração.
Mas A Minha Arte, é acima de tudo,
Um surto de Inconformismo, Dor e Emoção.
FIM!

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